A mesa manca me incomoda.
Balança de um lado,
empurro de outro.
Dobro um pedaço de papel
e apoio sua perna mais curta
até conseguir mantê-la estável.
Ao conseguir, sinto alívio.
A vontade de consertar a mesa que manca
é também a de remendar pessoas.
Aborrece ver uma mesa que, como eu, também precisa de equilíbrio.
Sou minha própria mesa desajeitada.
Enquanto busco voar, ser leve,
do outro lado um peso me puxa para o chão.
Momentos de alegria
são o guardanapo dobrado que me mantém de pé.
Sorrisos que vão e vem,
assim como as lágrimas,
na gangorra que é viver como uma mesa manca.
Talvez o erro esteja em querer me igualar às outras mesas
quando, na verdade, eu seja mesmo para ficar no ar.

Nenhum comentário :

Postar um comentário