sábado eu fiz 28

No último sábado eu fiz 28. 
Eu que sempre sou da celebração, tive um dia repleto de reflexão. 
Chorei como criança no colo de Deus, 
que me abraçou e me acolheu. 
Agradeci, pedi, abri meu coração. 
E Ele, com sua paciência de quem ouve o que já conhece em profundidade, 
me trouxe força e pacificidade. 
Me mostrou que a fé é inimiga primeira da ansiedade. 

Não é fácil escrever sobre o que dói e mostrar minha vulnerabilidade, 
mas se não o fizesse, ocultaria a verdade. 
Fernando Pessoa disse que o poeta é um fingidor, 
desses que finge tão completamente, 
que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. 
E ele não mente. 
Mas se o receber do outro através das palavras é aquilo que faz identificar, 
é preciso trocar o fingir pelo desabrochar. 
Como rosa que se abre e se mostra, 
mesmo com seus inúmeros espinhos, 
e nem por isso deixa de ser bela. 

E eu já perdi a rima por aqui, mas isso pouco importa. 
Vim dizer que a vida é realmente esse embaraço e desembaraço constante. 
É amar a nós mesmos por nossas virtudes sem deixar de abraçar nossas falhas. 
Só assim podemos reconhecê-las, encará-las e dizer: eu quero ser diferente. Vamos tentar? 
E assim eu chego aos 28. 
Errante, distante de muito do que almejei para o “até aqui”, 
mas insistente e persistentemente TENTANTE. 

Não é fácil sentir muito em um mundo que prega escassez. 
Talvez o diferencial para transformá-lo seja exatamente este: sentir demais. 
Dos meus poucos ou tantos anos, depende do ponto de vista, 
há uma certeza em mim que não muda: o amor é tudo! 
E eu sou grata por ser amor. 
Por estar repleta de amor por todos os lados. 
Por olhar para o desamor e encontrar amor ali também. 
Seja para brotar, seja para regar. 

Talvez fosse mais fácil ser diferente, 
ser da racionalidade pura e extrema, 
mas vim para os avessos e tenho sido assim desde então. 
Amor. 
Sou aquilo que acredito. 
E no colo de Deus, enquanto conversávamos, 
eu entendi que a gente não precisa de voz para se conectar, 
pois Ele está em mim através do sentido que dá sentido à minha vida: o amor. 
Amemos. 
Que sejamos chuva de amor mesmo nos tempos secos. 
O amor nunca esgota.
As grandes saudades se curam no abraço do reencontro.
É preciso saber nadar, para o caso do outro abandonar o barco e você não naufragar.
Amo como quem transborda. Não sei amar pouco, pois, para mim, amar muito é o mínimo.
O lado bom de ser intensa é sentir demais. O lado ruim de ser intensa é sentir demais.
Quero fazer lar em teu corpo
e viver como tatuagem.
Despindo medos
e vestindo coragem.

Quero enxergar além do que se vê
e desbravar todo o teu ser,
como o caminho que me leva
ao encontro de me perder.