Eu que sempre sou da celebração, tive um dia repleto de reflexão.
Chorei como criança no colo de Deus,
que me abraçou e me acolheu.
Agradeci, pedi, abri meu coração.
E Ele, com sua paciência de quem ouve o que já conhece em profundidade,
me trouxe força e pacificidade.
Me mostrou que a fé é inimiga primeira da ansiedade.
Não é fácil escrever sobre o que dói e mostrar minha vulnerabilidade,
mas se não o fizesse, ocultaria a verdade.
Fernando Pessoa disse que o poeta é um fingidor,
desses que finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.
E ele não mente.
Mas se o receber do outro através das palavras é aquilo que faz identificar,
é preciso trocar o fingir pelo desabrochar.
Como rosa que se abre e se mostra,
mesmo com seus inúmeros espinhos,
e nem por isso deixa de ser bela.
E eu já perdi a rima por aqui, mas isso pouco importa.
Vim dizer que a vida é realmente esse embaraço e desembaraço constante.
É amar a nós mesmos por nossas virtudes sem deixar de abraçar nossas falhas.
Só assim podemos reconhecê-las, encará-las e dizer: eu quero ser diferente. Vamos tentar?
E assim eu chego aos 28.
Errante, distante de muito do que almejei para o “até aqui”,
mas insistente e persistentemente TENTANTE.
Não é fácil sentir muito em um mundo que prega escassez.
Talvez o diferencial para transformá-lo seja exatamente este: sentir demais.
Dos meus poucos ou tantos anos, depende do ponto de vista,
há uma certeza em mim que não muda: o amor é tudo!
E eu sou grata por ser amor.
Por estar repleta de amor por todos os lados.
Por olhar para o desamor e encontrar amor ali também.
Seja para brotar, seja para regar.
Talvez fosse mais fácil ser diferente,
ser da racionalidade pura e extrema,
mas vim para os avessos e tenho sido assim desde então.
Amor.
Sou aquilo que acredito.
E no colo de Deus, enquanto conversávamos,
eu entendi que a gente não precisa de voz para se conectar,
pois Ele está em mim através do sentido que dá sentido à minha vida: o amor.
Amemos.
Que sejamos chuva de amor mesmo nos tempos secos.
O amor nunca esgota.